Produzimos eventos personalizados: coquetéis - brunch - coffee break - jantares e almoços - aulas - consultoria. Fazemos eventos corporativos e particulares. Fale o que deseja e nós atenderemos você com máxima discrição e eficiência.
E-mail: elainegastronomia@hotmail.com

sábado, 24 de julho de 2010

A gastronomia em mil e uma percepções de infância (por Elaine Antunes)


Minhas memórias gastronômicas estão sempre associadas às lembranças deixadas por meus ancestrais, por conseguinte repassadas por meus pais: a bacalhoada de Natal, feita por minha mãe, veio graças ao meu avô lusitano. A pamonha e o sarapatel vinham do legado deixado por minha avó, sergipana, que fazia cocadas para vender e eram roubadas por mim – aliás, ficavam mais gostosas com esse ato pueril!
Meu pai, baiano, sempre caprichava no tempero de tudo: do bife de panela ao vatapá, sendo este último motivo de mobilização de minha família, pois cada filho – somos quatro – tinha uma tarefa a realizar: um descascava o amendoim, outro separava os temperos, outro ajudava a retirar o leite de coco com minha mãe etc. Até hoje guardamos a receita a sete chaves, como a um tesouro só nosso, nossa relíquia. Minha avó paterna, de origens indígena e européia, fazia um feijão maravilhoso, cujo sabor era só dela. Infelizmente, ela se foi sem que eu descobrisse o segredo daquela delícia, embora eu tivesse tentado...
Diante dessa riqueza, apesar de uma vida muito pobre, cresci tendo uma horta que tinha de tudo: quiabo, chuchu, ervas aromáticas, leguminosas, beterraba e um galinheiro que nos supria. Cresci com esses aromas que fizeram parte de minha história, com a imagem de folhas úmidas devido às gotas de orvalho da última noite, impregnadas e que davam um aspecto aveludado. Tomava café enrolada na coberta, passeando pelo quintal, me surpreendendo com o jeito que nasciam o quiabo e a beterraba.. Uma vez um amigo de meu pai, selecionando algumas pimentas malaguetas para um molho, disse-me para reverenciar essa frutinha como a um orixá e até hoje, quando a uso na cozinha, trato-a com cerimônia, como se fosse uma jóia. E, na verdade, o é.
Alquimia? Ciência? Arte? Não sei. Talvez tudo isso. Talvez nada disso. Só sei que a gastronomia, em mim, é um apanhado, uma coleção de sabores, cheiros, lembranças, sentimentos – principalmente a saudade. É parte de minha história, de minha formação. Busco na Gastronomia caminhos para aprofundar o que aprendi desde pequena, além de proporcionar às pessoas o resgate do passado, da infância, dos nossos ancestrais, sem deixar de lado as novidades, essenciais ao nosso crescimento, amadurecimento. Se irei conseguir, só o tempo mostrará. Apenas espero conseguir com tamanha maestria que meus queridos ancestrais tiveram.
E, assim, já me darei por satisfeita...

Um comentário:

  1. Gostei demais do Blog. Só sugeriria um tom mais leve no lugar do preto para suavizar mais visualmente. No mais está de parabéns. Seja bem vinda ao mundo dos blogueiros.
    Um abraço do amigo de sempre,
    Dimas

    ResponderExcluir